O Mercado de Manganês: Fatores que Impactam a Precificação e a Competitividade Global

GONÇALVES, FERNANDA MENEZES & SILVA, JOÃO ANTONIO

O estudo destaca a importância estratégica do manganês, evidenciando suas amplas aplicações na indústria siderúrgica, na fabricação de baterias, na produção de produtos químicos e fertilizantes, bem como no setor de saúde, variando conforme sua qualidade. Além disso, o trabalho discute os desafios enfrentados na sua exploração, tanto no Brasil quanto em âmbito global.

Em 2023, o Brasil destacou-se por possuir a terceira maior reserva mundial e ocupar a sétima posição na produção do minério, com jazidas concentradas principalmente nos estados do Pará, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, reforçando a relevância do país no cenário internacional. O estudo identifica como principais consumidores de manganês a indústria de aço de alta resistência, a produção de baterias para veículos elétricos, o setor químico, o agronegócio e o segmento farmacêutico.

Adicionalmente, analisa-se as tendências de mercado, destacando as oscilações de preços ocorridas entre 2019 e 2024, impulsionadas por fatores macroeconômicos e tecnológicos. As projeções para 2025 são otimistas, com a expectativa de que o consumo global atinja 28,10 milhões de toneladas até 2029. Por fim, o documento evidencia a relevância do manganês para a economia global e propõe estratégias para tornar sua exploração mais sustentável e competitiva, com o objetivo de reduzir a dependência da exportação de matéria-prima bruta e aproveitar as oportunidades geradas pela transição energética global.

No cenário internacional, índices de referência como o Fastmarkets MB, Platts, Shanghai Metals Market (SMM), Asian Metal e Argus Metals desempenham um papel crucial na formação de preços, fornecendo benchmarks que refletem as condições do mercado global e as variações na qualidade do minério. No Brasil, além dessas referências globais, indicadores específicos – como os preços estabelecidos por grandes produtoras (por exemplo, Companhia Siderúrgica Nacional) e dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) – ajustam os preços às condições locais, considerando aspectos como custos logísticos, tributação e taxa de câmbio. A crescente demanda por manganês nos setores siderúrgico e tecnológico sinaliza um mercado em contínua valorização; portanto, a compreensão detalhada dos fatores que influenciam sua precificação e a constante atualização em relação aos índices de referência são essenciais para que produtores, investidores e indústrias mantenham a competitividade e a sustentabilidade do setor em um cenário global cada vez mais desafiador.


A Influência do Teor de Manganês na Precificação do Minério e Seu Impacto nos Mercados Siderúrgico e Tecnológico

A composição (teor de manganês) do minério é um fator crucial para determinar seu valor de mercado. Diferentes faixas de concentração influenciam diretamente sua aplicação industrial e cotação, tornando essencial o monitoramento estratégico desse recurso por mineradoras, siderúrgicas, traders e investidores. A segmentação do minério por teor permite entender as faixas de qualidade e seu impacto no preço final, já que a concentração do mineral dita tanto a valorização comercial quanto a aplicabilidade industrial. Conforme a demanda por manganês cresce na produção de aço e em novas tecnologias (como baterias), acompanhar de perto o valor do DMTU e as variações de preço por teor tornou-se estratégico para os agentes do mercado. As categorias de teor podem ser descritas da seguinte forma:

Minérios com baixo teor (<30% Mn): Têm menor valorização comercial e frequentemente precisam ser misturados a minérios mais ricos ou passar por processamento para elevar seu teor. São utilizados em aplicações secundárias, como na sinterização para produção de ligas metálicas de menor exigência de pureza.

Minérios com alto teor (>40% Mn): São altamente valorizados e amplamente utilizados na siderurgia para produção de aços de alta resistência. Apresentam melhor cotação devido ao elevado conteúdo de manganês e à menor necessidade de beneficiamento.

Minérios com médio teor (30%–40% Mn): Possuem valor intermediário e demanda relevante, sendo empregados na fabricação de baterias, produtos químicos e fertilizantes. Geralmente são aceitos na maioria das cotações internacionais por apresentarem teor moderado.

Conforme aumenta a busca por manganês em aplicações de alta tecnologia (como baterias de íon-lítio), os minérios de teor médio ganham importância, mas é fundamental monitorar seu preço proporcional (via DMTU) para garantir negociações adequadas. Em suma, quanto maior o teor de manganês, maior tende a ser o preço por tonelada, enquanto teores baixos implicam descontos e a necessidade de agregação de valor via beneficiamento para se tornarem economicamente viáveis.


O Papel do DMTU na Precificação do Minério de Manganês e Sua Influência no Mercado Global

O DMTU (Dry Metric Ton Unit) é a unidade padrão utilizada para precificar o minério de manganês com base em seu teor de manganês. Essa unidade representa uma tonelada métrica seca de minério contendo 1% de manganês (ou seja, 1 DMTU equivale a 10 kg de manganês puro em uma tonelada seca de minério). Ao padronizar a medida de conteúdo metálico, o DMTU permite comparar valores de diferentes minérios de forma equitativa e transparente. O teor de manganês é o principal fator de valorização comercial e aplicação industrial do minério, influenciando diretamente sua aceitação no mercado global. Minérios com alta concentração de manganês são mais valorizados, enquanto aqueles de baixo teor requerem beneficiamento para atingirem um patamar comercial viável.

Além de padronizar a precificação, o DMTU é amplamente utilizado em contratos de longo prazo entre produtores e consumidores (especialmente siderúrgicas), com preços ajustados conforme o teor efetivo do minério e as condições de mercado vigentes. Esse método assegura uma avaliação justa e proporcional aos diferentes teores, fortalecendo a transparência nas transações comerciais e alinhando os preços às condições de mercado. Com a crescente demanda por manganês – impulsionada pela produção de aço e pelo advento de novas tecnologias –, o acompanhamento do valor do DMTU tornou-se ainda mais importante para produtores, investidores e indústrias que dependem desse mineral. A utilização de métricas padronizadas como o DMTU, em conjunto com índices de referência internacionais, garante maior previsibilidade de preços e segurança nas negociações.


Como a Cotação em DMTU Define o Valor do Minério de Manganês no Mercado Global

A cotação do manganês no mercado global, expressa em dólares por DMTU (USD/DMTU), é essencial para ajustar o valor do minério conforme seu teor de concentração. Em outras palavras, essa métrica permite a comercialização equitativa de minérios com diferentes teores, já que o valor é calculado com base na quantidade de manganês puro presente em uma tonelada métrica de minério seco. Essa padronização resulta na seguinte relação para o cálculo de preço:

Preço do minério (US$/t seca) = Cotação do DMTU (US$/DMTU) × Teor de Manganês (%)

Por exemplo, se um lote de minério de manganês possui teor de 40% Mn, isso significa que ele contém 40 DMTUs por tonelada seca. Supondo que a cotação de referência do DMTU seja US$ 5,00, o preço final desse minério por tonelada métrica seca será calculado como:

40 × US$ 5,00 = US$ 200,00 por tonelada métrica seca

Esse cálculo simples evidencia como a qualidade (teor) do minério impacta diretamente seu preço. Minérios com teor de 44% de Mn, por exemplo, seriam cotados a 44 vezes o valor de 1 DMTU, enquanto minérios de 35% de Mn seriam cotados a 35 vezes esse valor de referência. Quanto maior o teor de manganês, maior o preço unitário por DMTU, o que confirma o DMTU como um dos principais fatores de precificação no mercado global de manganês.


Fatores que Afetam a Precificação do Minério de Manganês no Mercado Global

A precificação do minério de manganês em escala global resulta da interação entre múltiplos fatores econômicos, logísticos e de qualidade intrínseca do minério. A dinâmica de oferta e demanda, os custos de beneficiamento, as políticas governamentais e a infraestrutura de transporte exercem papéis cruciais na competitividade e no valor final do produto. Além disso, aspectos como tarifas de exportação/importação, teor de impurezas do minério e flutuações cambiais também têm impacto direto no preço, influenciando tanto os custos de produção quanto a atratividade das exportações. A seguir, são detalhados os principais fatores globais que influenciam o preço do manganês:

Oferta e Demanda no Mercado Global

A demanda global por manganês é fortemente influenciada pelo crescimento da indústria siderúrgica, já que o mineral é essencial na produção de aço. Países como a China, maior consumidora mundial de manganês, tendem a preferir minérios de maior teor para reduzir custos de refino, o que impacta diretamente as cotações internacionais. Além disso, a crescente utilização do manganês em baterias de íon-lítio (no setor de tecnologia verde) tem impulsionado a valorização de minérios com teores intermediários, elevando o valor de referência do DMTU nesses casos. Em resumo, o preço do manganês oscila conforme a demanda global – com destaque para a demanda por aço em economias emergentes como China e Índia – fator que exerce grande influência tanto no preço do minério bruto quanto no das ferroligas de manganês.

Custos de Beneficiamento e Processamento

Os custos de beneficiamento do minério influenciam significativamente sua precificação. Minérios de alto teor exigem menos etapas de beneficiamento antes da utilização industrial, o que reduz custos para as empresas e torna sua comercialização mais viável e atrativa. Já minérios de baixo teor demandam processos adicionais de concentração para elevar o teor de manganês, o que eleva as despesas operacionais e pode comprometer a viabilidade comercial do produto. Portanto, depósitos que fornecem minério mais “limpo” e rico em Mn conferem vantagem competitiva, enquanto materiais de menor qualidade sofrem descontos de preço para compensar os gastos extras com processamento.

Oscilações Cambiais e Políticas Comerciais

Fatores macroeconômicos também afetam fortemente o preço do manganês. Variações nas taxas de câmbio, políticas comerciais internacionais, regulamentações ambientais e restrições de exportação podem alterar tanto os custos de produção quanto a atratividade das vendas externas. Como o manganês é cotado internacionalmente em dólares americanos, flutuações cambiais impactam diretamente o preço recebido pelos exportadores: a valorização ou desvalorização do dólar pode aumentar ou diminuir o valor em moeda local obtido por tonelada de manganês. Adicionalmente, medidas governamentais como restrições à mineração ou à exportação em países produtores podem afetar a disponibilidade do minério no mercado global e, consequentemente, alterar as cotações. Por exemplo, restrições ambientais mais rígidas ou quotas de exportação menores em um grande fornecedor podem reduzir a oferta mundial, pressionando os preços para cima. Assim, a conjuntura geopolítica e cambial é um componente indispensável na análise de preços do manganês.

Fatores Logísticos

A infraestrutura de transporte é fundamental para a viabilidade econômica do minério de manganês, pois os custos de frete, a disponibilidade de portos e ferrovias e eventuais barreiras alfandegárias influenciam diretamente seu valor no mercado. Regiões produtoras com melhor acesso a rotas de exportação (logística eficiente) tendem a possuir maior competitividade global, conseguindo praticar preços mais vantajosos.

Minérios com alto teor de manganês oferecem maior valor por tonelada transportada, tornando sua exportação mais lucrativa mesmo após custos de transporte. Por outro lado, minérios de baixo teor exigem volumes bem maiores para se obter a mesma quantidade de manganês útil, elevando significativamente os custos logísticos por unidade de manganês efetivo. Em termos práticos, transportar 1 tonelada de minério com 20% Mn leva apenas 200 kg de manganês, enquanto 1 tonelada com 45% Mn carrega 450 kg de manganês – esta última é muito mais “eficiente” no uso do frete. Assim, a localização das minas em relação aos portos, a eficiência dos modais de transporte disponíveis e a qualidade do minério em si impactam diretamente a formação do preço (via DMTU), determinando a competitividade do minério no mercado global.

Outros Fatores Relevantes

Teor de Impurezas

A presença de impurezas no minério (como fósforo – P, enxofre – S, sílica – SiO₂ e ferro – Fe) pode comprometer sua qualidade para aplicações industriais de alto desempenho, reduzindo seu valor de mercado. Minérios com concentrações elevadas desses elementos indesejáveis tendem a ser penalizados com um preço menor, pois requerem processos adicionais de purificação para serem utilizados, por exemplo, na siderurgia (que exige matéria-prima de alta pureza para evitar fragilidades no aço). Assim, dois minérios com teor similar de Mn podem ter preços distintos caso um deles tenha níveis muito maiores de impurezas – o mercado ajusta o valor para refletir os custos de refino ou limitações de uso. Produtores buscam manter baixos os teores de elementos deletérios por meio de mistura de lotes (blending) ou beneficiamento, visando atingir especificações mínimas dos compradores e, com isso, alcançar melhor cotação.

Tipo de Produto

O manganês pode ser comercializado sob diferentes formas de produto, e cada uma possui dinâmica de preços própria. Entre as formas mais comuns estão: minério de manganês bruto em pedaços (lump ore), finos de minério (para sinterização), ferroligas de manganês (como o ferromanganês e o silicomanganês) e o dióxido de manganês eletrolítico (EMD), utilizado em baterias e indústria química. Cada produto tem características de teor, pureza e granulometria específicas, atendendo a demandas de mercado distintas, o que resulta em precificação diferenciada. Por exemplo, ferroligas – obtidas pela combinação do manganês com ferro em forno – têm seu preço atrelado tanto ao teor de Mn quanto ao valor agregado do processo metalúrgico, e costumam seguir referências de mercado próprias. Já o minério em si é precificado pelo teor via DMTU. Dessa forma, ao negociar manganês, é importante especificar o tipo de produto, pois o valor de mercado será balizado de acordo com a forma (minério bruto vs. processado) e sua respectiva cadeia de consumo.

Finalmente, vale ressaltar que o preço do minério de manganês resulta da interação entre todas essas variáveis – econômicas, logísticas e qualitativas. A dinâmica global de oferta e demanda, os custos de beneficiamento, a qualidade intrínseca do minério, a infraestrutura de transporte disponível e o contexto político-econômico são determinantes para sua competitividade no mercado mundial. A compreensão holística desses elementos é essencial para produtores e compradores que buscam negociações equilibradas e estratégias de longo prazo bem fundamentadas no setor de manganês.

Finalmente, vale ressaltar que o preço do minério de manganês resulta da interação entre todas essas variáveis – econômicas, logísticas e qualitativas. A dinâmica global de oferta e demanda, os custos de beneficiamento, a qualidade intrínseca do minério, a infraestrutura de transporte disponível e o contexto político-econômico são determinantes para sua competitividade no mercado mundial. A compreensão holística desses elementos é essencial para produtores e compradores que buscam negociações equilibradas e estratégias de longo prazo bem fundamentadas no setor de manganês.


Principais Índices de Referência na Precificação do Minério de Manganês no Mercado Global

A formação de preços do minério de manganês no mercado global baseia-se em índices de referência internacionais que refletem as condições de oferta, demanda e cenários econômicos do setor. Produtores, traders e compradores utilizam esses índices para calcular o valor do DMTU, assegurando negociações justas e padronizadas. A qualidade do minério e as dinâmicas do mercado global são incorporadas nesses indicadores, permitindo balizar contratos de forma coerente com a realidade do mercado. Diversas plataformas e publicações acompanham a oscilação dos preços do manganês, cada qual com metodologias e abrangência específicas. Os índices mais relevantes incluem:

  • Fastmarkets MB (Metal Bulletin): Principal índice global utilizado para balizar o valor do DMTU do minério de manganês. Publica cotações regulares (geralmente semanais) para diferentes teores de manganês do minério bruto, bem como preços de ferroligas e derivados, com base em contratos globais e negociações spot. É amplamente utilizado por mineradoras, siderúrgicas e traders em negociações internacionais por fornecer um panorama preciso do mercado. Sua metodologia baseia-se em negociações reais e contratos de venda reportados, evitando distorções especulativas. Além das cotações periódicas, o Fastmarkets MB também oferece análises de tendências de preço e demanda, auxiliando na tomada de decisões estratégicas.
  • Platts (S&P Global Commodity Insights): Índice de referência focado especialmente na precificação de ligas de manganês (como ferromanganês e silicomanganês), produtos essenciais na indústria do aço. A Platts publica análises sobre metais e minérios, incluindo manganês, com atenção aos mercados de aço e energia. Fornece preços de benchmark com base em contratos e negociações globais, promovendo maior transparência no setor de ferroligas de manganês.
  • Shanghai Metals Market (SMM) e London Metal Exchange (LME): Embora o manganês não seja negociado diretamente na LME, os preços de metais correlatos negociados nessa bolsa – como ferro e níquel – influenciam a precificação do manganês (especialmente das ferroligas e produtos refinados). Já o SMM é uma plataforma essencial para o mercado asiático, fornecendo cotações detalhadas e análises específicas sobre o manganês na China e países vizinhos. Em conjunto, os indicadores de metais da LME e as cotações do SMM oferecem insights sobre como fatores externos (preço do aço, do ferro, etc.) podem afetar indiretamente o valor do manganês.
  • Asian Metal: Serviço de informação que divulga preços e estudos aprofundados sobre diversos teores de minério de manganês e produtos relacionados, com grande influência no mercado asiático. Por ser a China a principal consumidora mundial de manganês, o Asian Metal tornou-se uma referência importante para empresas que negociam diretamente com o mercado chinês, oferecendo dados de preço atualizados e análises de curto prazo para a região.
  • Argus Metals: Plataforma que publica preços e análises detalhadas sobre metais industriais, incluindo o manganês. Foca em tendências de mercado e fatores que influenciam a precificação, acompanhando negociações diretas e a volatilidade do mercado de manganês. O Argus também abrange informações sobre aplicações industriais e tendências setoriais em nível internacional, servindo como complemento às demais referências.

O Fastmarkets MB é amplamente considerado a referência mais confiável para a precificação do DMTU do manganês. Ainda assim, empresas e investidores costumam complementar suas análises com outros índices, como o Asian Metal e o Argus Metals, dependendo da região de atuação e do tipo de contrato negociado. De modo geral, essas agências estabelecem preços de benchmark baseados em contratos reais e negociações globais, refletindo o valor do manganês conforme o teor e as transações comerciais efetivadas. As principais regiões produtoras – como Brasil, África do Sul e Austrália – costumam seguir de perto esses índices internacionais para garantir transparência e eficiência na precificação do minério exportado.

No mercado internacional de manganês, usualmente estabelece-se um teor mínimo de 30% a 32% de Mn para que um minério seja cotado nos índices globais. Abaixo desse patamar, a viabilidade econômica sem beneficiamento significativo é bastante reduzida. Nessas condições, minérios de teor muito baixo geralmente são direcionados ao consumo interno dos países produtores ou passam por processamento para elevação do teor antes de serem exportados. Índices como o Fastmarkets MB e o Asian Metal tipicamente publicam cotações apenas para minérios dentro ou acima do intervalo de 30-32% Mn, enquanto materiais com teores inferiores têm menor aceitação comercial e não são amplamente cotados nos mercados internacionais.

Para alguns mercados específicos, como o asiático, o Asian Metal se destaca ainda mais – especialmente para empresas que negociam diretamente com a China, onde esse índice é bastante utilizado como referência de preço. Em suma, o acompanhamento dos índices de referência internacionais é fundamental para mensurar a competitividade e as perspectivas do setor de manganês, permitindo ajustar estratégias de produção e comercialização de acordo com as tendências de preço globais.


Fatores que Influenciam a Precificação do Manganês no Mercado Brasileiro

No Brasil, a precificação do manganês acompanha as tendências internacionais, mas também é fortemente influenciada por indicadores locais que ajustam os preços globais conforme os custos e condições do país. Fatores como despesas logísticas internas, tributação, requisitos de qualidade do mercado doméstico e o câmbio Real/Dólar podem alterar o preço efetivo do manganês em território nacional em relação às cotações internacionais puras. Além das cotações externas, alguns índices e referências domésticas desempenham papel fundamental na formação do preço interno do minério de manganês, dentre os quais destacam-se:

  • Índices de preços estabelecidos por grandes produtoras (ex.: CSN): Companhias mineradoras e siderúrgicas brasileiras de grande porte, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), desenvolvem parâmetros internos de precificação baseados nas tendências do mercado global, porém ajustados por seus custos operacionais e logísticos locais. Esses preços de referência internos também consideram os contratos de longo prazo de fornecimento para o setor siderúrgico nacional e servem como balizadores para outros produtores menores. Assim, formam-se no mercado brasileiro indicadores de preço próprios, alinhados ao exterior porém adaptados à realidade nacional de custos e margens.
  • Dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM): O IBRAM compila e divulga periodicamente estatísticas e análises sobre a produção, exportação e demanda interna de minerais, incluindo o manganês. Esses dados – como volumes produzidos, volume exportado, consumo pelas indústrias locais – contribuem para a definição de preços ao oferecer transparência sobre o balanço oferta/demanda doméstico. Por exemplo, se o IBRAM reporta aumento na produção nacional de manganês e estoque elevado, o mercado interno pode ajustar os preços para baixo independentemente de cotações internacionais, e vice-versa. As informações do IBRAM, portanto, ajudam agentes do setor a contextualizar os preços internacionais frente à situação brasileira.

A combinação desses indicadores internos com as referências internacionais assegura uma formação de preços mais justa e competitiva no mercado doméstico. Em outras palavras, os preços no Brasil refletem as tendências globais, porém calibrados pela estrutura de custos e pelas particularidades locais. A competitividade da indústria nacional de manganês depende, em grande medida, da capacidade de agregar valor ao minério (seja por meio da produção de ligas metálicas localmente, seja via otimização dos processos de mineração e beneficiamento para reduzir custos). Além disso, políticas governamentais referentes a exportação, regime tributário e incentivos à industrialização exercem influência direta sobre o valor do manganês no Brasil – por exemplo, reduções de imposto ou investimentos em infraestrutura portuária podem tornar o manganês brasileiro mais competitivo lá fora, ao passo que custos adicionais internos podem diminuir a margem dos exportadores. Em suma, alinhar as condições domésticas (custos, infraestrutura e políticas) com as exigências do mercado global é crucial para o Brasil maximizar os benefícios de suas ricas reservas de manganês.


Conclusão

A precificação do minério de manganês é um processo multifacetado, que envolve uma série de fatores interdependentes de natureza econômica, logística, geopolítica e ambiental. No âmbito global, a combinação de índices internacionais consagrados – como o Fastmarkets MB – e a utilização de métricas padronizadas (como o DMTU) garantem maior transparência e previsibilidade ao mercado. Isso permite que mineradoras, siderúrgicas, traders e investidores tomem decisões bem fundamentadas e gerenciem riscos com mais eficiência. Por outro lado, em contextos nacionais (como o brasileiro), a formação de preços é fortemente influenciada por condições locais: custos de transporte interno, carga tributária, disponibilidade de infraestrutura e políticas governamentais podem ajustar as tendências globais às especificidades do mercado interno.

Além disso, o teor de manganês do minério – fator determinante na sua valorização – se reflete diretamente nas cotações e nas demandas industriais. Minérios de alto teor de manganês têm maior aceitação e alcançam melhores preços no mercado global, oferecendo mais competitividade aos produtores, enquanto minérios de baixo teor exigem processos adicionais de beneficiamento e enfrentam desafios para sua comercialização. Portanto, é essencial a análise contínua dos índices de referência e das condições de mercado, bem como a adaptação às exigências da indústria, para garantir uma precificação justa e a sustentabilidade do setor de manganês em um contexto global competitivo.

O aumento projetado da demanda por manganês – impulsionado principalmente pela indústria siderúrgica e pelas novas tecnologias (por exemplo, baterias para veículos elétricos) – indica que a valorização desse mineral tende a continuar nos próximos anos. Para que o Brasil (terceiro país em reservas de manganês e importante produtor mundial) se mantenha competitivo no cenário internacional, é necessário que as políticas públicas e as práticas industriais estejam alinhadas no sentido de agregar valor ao minério localmente e fortalecer sua presença no mercado global. Medidas como incentivo à produção de ferroligas e produtos de manganês de maior valor agregado, investimentos em inovação e sustentabilidade na mineração, e melhoria na infraestrutura de escoamento podem maximizar os benefícios econômicos do manganês. Em suma, compreender profundamente os fatores de precificação e agir proativamente para otimizar custos e qualidade são passos fundamentais para garantir o sucesso do setor de manganês diante dos desafios e oportunidades do mercado mundial atual.

Para saber mais sobre soluções e consultoria no mercado de manganês, entre em contato conosco por meio do nosso formulário de contato. Teremos prazer em auxiliar com informações especializadas e orientações estratégicas.


Referências Bibliográficas

MCNEILL, D. L.; BATES, P. J. Fundamentals of the Manganese Market. Mineral Commodities Limited, 2015.

KAMINSKI, R. A. The Dynamics of Manganese Pricing in Global Markets. Global Metals Analysis Journal, v. 34, n. 2, p. 44-66, 2016.

WORLD STEEL ASSOCIATION. The Role of Manganese in Steelmaking and Market Dynamics. 2020.
Disponível em: http://www.worldsteel.org. Acesso em: 07 fev. 2025.

USGS – U.S. Geological Survey. Mineral Commodity Summaries 2019. Reston, VA: U.S. Geological Survey, 2019.
Disponível em: https://apps.usgs.gov/minerals-information-archives/mcs/mcs2019.pdf.
Acesso em: 08 fev. 2025.

FASTMARKETS. Manganese Price Index – Weekly Review and Projections. FastMarkets, 2021.
Disponível em: http://www.fastmarkets.com. Acesso em: 07 fev. 2025.

PLATTS S&P GLOBAL. Market Insights: The Influence of Geopolitics and Trade Policies in Metal Pricing. Platts, 2018.
Disponível em: https://www.spglobal.com/content/dam/spglobal/corporate/en/images/general/special-editorial/platts-insight-magazine-april-2018.pdf.
Acesso em: 07 fev. 2025.

INSTITUTE OF BRAZILIAN MINING (IBRAM). Manganese Market Overview and Price Structures in Brazil. IBRAM Publications, 2020.
Disponível em: https://portaldamineracao.com.br/wp-content/uploads/2021/03/Economia-Mineral-Brasileira-IBRAM-2020.pdf.
Acesso em: 06 fev. 2025.

LME (LONDON METAL EXCHANGE). Manganese Prices and Market Trends. 2017.
Disponível em: http://www.lme.com. Acesso em: 08 fev. 2025.

FASTMARKETS MB. Fastmarkets MB – Manganese Price Report. Fastmarkets MB, 2023.
Disponível em: https://www.fastmarkets.com. Acesso em: 07 fev. 2025.

PLATTS – S&P GLOBAL COMMODITY INSIGHTS. Manganese Pricing Trends. 2023.
Disponível em: https://www.spglobal.com/platts. Acesso em: 07 fev. 2025.

SHANGHAI METALS MARKET (SMM). Manganese Market Data. Shanghai Metals Market, 2023.
Disponível em: https://www.metal.com. Acesso em: 08 fev. 2025.

ASIAN METAL. Manganese Price Analysis. 2023.
Disponível em: https://www.asianmetal.com. Acesso em: 08 fev. 2025.

ARGUS METALS. Manganese Price Report. Argus Media, 2023.
Disponível em: https://www.argusmedia.com. Acesso em: 08 fev. 2025.

COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL (CSN). Relatório Anual 2022. São Paulo: CSN, 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO (IBRAM). IBRAM lança Panorama da Mineração do Brasil 2023. Brasília: IBRAM, 2023.
Disponível em: https://ibram.org.br/noticia/ibram-lanca-panorama-da-mineracao-do-brasil-2023/.
Acesso em: 06 fev. 2025.

UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY (USGS). Mineral Commodity Summaries 2022. Washington, D.C.: USGS, 2022.
Disponível em: https://pubs.usgs.gov/periodicals/mcs2022/mcs2022.pdf.
Acesso em: 07 fev. 2025.

INTERNATIONAL MANGANESE INSTITUTE. Technical Report on Manganese Pricing and DMTU Standardization. 2020.

Rolar para cima